Perguntas á sombra de meus cabelos

De Antonia Muniz

Tua boca coagula quantas violências?

Tua mão segura quantas espadas?

Tua voz anuncia quantas gaiolas?

Tua gengiva sangra ao dizer a palavra amor?

Quantos escravos cabem dentro de ti?

Quantos cemitérios reinam sob teu nome?

Quantos túmulos sob teu leito?

Quantas náuseas arrancas com a tua presença?

Posted in General | Comments Off on Perguntas á sombra de meus cabelos

“MEU AMOR” ou “Amor em tempos de patriarcado”

de Inaê Nascimento

Desde criança tinha o ciúme como uma coisa horrenda de se sentir ou de ser alvo de, entendia que o ciúme nada tinha a ver com amor, e mais tarde entendi que tinha a ver com falta de liberdade, possessividade e insegurança. E assim via o ciúme em qualquer aspecto. Mas então um texto¹ que li me esclareceu um ponto bem significativo sobre o ciúme: o machismo. Para explicar vou transcrever um trecho de um livro que ando lendo…

“(…) embora os povos admitissem o acasalamento como indispensável à procriação, a “paternidade” como instituição inexistia: as crianças não eram objeto de posse e consequentemente o conceito de bastardia ou ilegitimidade sequer era cogitado. (…) Para que a paternidade biológica possa ter alguma credibilidade, faz-se mister que a “promiscuidade” seja extirpada, ou, por assim dizer, que a livre sexualidade feminina seja domesticada e a instituição do casamento monogâmico reforçada por lei. A característica mais cerceadora do patriarcado reside em terminar com o controle feminino do nascimento e de sua própria sexualidade. A mulher passa a pertencer ao patriarca, e seus filhos passam a ostentar o sobrenome do pai. No cerne do influxo trazido pelos deuses patriarcais e de suas leis, disseminou-se amplamente a filosofia de que o “sexo é sórdido” e o “envolvimento sexual, perigoso”. Paralelamente, o rapto ou estupro institucionalizou-se como mecanismo de controle exercido sobre o grupo social feminino.” (do livro “Mãe Paz” da Vicki Noble)

Isso me faz crer que o ciúme é filho do patriarcado. O homem torna a mulher e o filho seus bens. Enquanto o homem se enciúma com medo de ter sua virilidade deposta, a mulher, desempoderada, desunida e subjulgada precisa ser a “escolhida e protegida” e se enciúma com a possibilidade de se ver sozinha e rejeitada, posta a mercê.

A mulher ao sentir ciúme ataca a OUTRA. O homem ao sentir ciúme ataca a própria mulher. (Afinal, a responsabilidade é dela por seduzir simplesmente por ser mulher) Temos aí duas vítimas do ciúme: a mulher e a outra, que por um acaso também é uma mulher. Isso significa violência verbal, psicológica, física e, na pior das hipóteses, morte.

Situações próximas a mim de relacionamentos “conturbados” me trouxeram a tona outra face do machismo nas relações heteronormativas: como o ciúme ganha aparências diferentes para homens e mulheres. Pensamentos como “um pouquinho de ciúme faz bem” “tempera a relação” “quem ama sente ciúme” respalda apenas eles. A possessividade e o ciúme em um homem são comumente entendidos como proteção, cuidado, demonstração de amor, e muitas mulheres se mantém em relações maléficas por terem essa lógica entranhada nelas. Não é fácil se empoderar quando tudo a sua volta te suga. Por outro lado uma mulher que tenha a mesma atitude impulsionada pelos ciúmes que o homem, é tida como histérica, louca, barraqueira, neurótica etc etc. E mais uma vez o homem sai imune.

Assim como sai imune no “ciúme concretizado”. A “traição” de um homem é perdoada. “É da natureza deles”. A da mulher é inadimissível, imperdoável e deve ser punida. Junto isso com outras situações sobre diferenças de “papéis” nas relações conjugais e liberdade sexual entre homens e mulheres, a única conclusão que chego é que o ciúme, seja sentido por eles ou por elas, é mais uma forma de opressão e violência contra a mulher.

¹ https://versoando.wordpress.com/2014/10/07/sobre-ciumes-e-a-posicao-da-mulher-na-luta-nao-monogamia/

 

 

Posted in General | Comments Off on “MEU AMOR” ou “Amor em tempos de patriarcado”

Clara

Por Bianca Levy

Toda beleza empalidecia quando traduzida por aquele olhar, frio, de posse, a desmerecer os pequenos encantos que ela continha. Os cabelos finos a alçar voo com facilidade, o curvilíneo dos traços, marcas, risadas, antigos souvenirs, causos do passado, toda construção do Eu transformada em fúria por aquele olhar manipulador. Mais do que tê-la, aquele olhar queria sê-la, vampirizando os sentimentos, a alegria de cada sorriso, ingenuidade de criança, até restar uma forma em porcelana vazia de frio pedindo socorro em silencio capturado apenas em pequenos atos, no franzir da sobrancelha, nas pessoas que não falava mais, naquela roupa escondida no fundo da gaveta. Aquele olhar em cólera gritava toda sorte de ironias ofensas ameaças, tirando-lhe as forças a cada passada, fazendo-a carregar a culpa maquinada pelo algoz. Queria roubar-lhe a fé em crer um caminho melhor. Na ânsia de provar o contrário se redimia ao olhar traidor, doentio o qual sequer enxergou a segunda chance dada apenas pelos nobres, preferindo mirar no gatilho, eternizando para si cruelmente um ser que era só amor. Escapou àquele olhar, porém, que nunca seria sua e toda tentativa de contê-la a tornaria mais sublime única inalcançável e distante daquele vazio imposto em vão. Escapou saber contemplar o bater de asas, o singelo inconstante doado por inteiro a quem merece ter, a beleza que enquanto caminhou em terra todos puderam ver. Precisava de luz para enxergar e tão Clara ela era que o cegou, brilhou pelo mundo e só ele não viu.

Posted in General | Comments Off on Clara

Lady Preta

TEXTO DE>>> Raphíssima Sou Eu.

Leia no formato original aqui:   lady.preta_vacas

 

 

[rapidinho, [:] conversa de bueiro!]

[:]

– ai, cansada dele, mas foi o único que eu arranjei hoje!

pior que ele não quer me largar!         é cliente, sabe?!

tu não tem cara de quem tem cliente, por isso que falando pra ti….

_não dá mais pra mim a noite |

| TENHO QUE ME APOSENTAR.

já comeceia encaminharminhasobrinha.

elavai  darojeito dela de fazeresse pé demeia!

mas vamovoltar porque senão o outrovai estranhar [!]

_ai, tá na hora é d’eu me apaixonar…

[mas esquece o que te falei!] –

 

 

Lady Preta

 

 

velada pela noite escura,

a mulher que me chama e confidencia

desencantos e queixumes

[ré]-[vela] num instante a principal via de toda a vida

 

atenta, controla seu ganha-pão, que de longe a observa

e espera e se observa eles

[:]

atentos a um movimento i.n.c.e.r.t.o

_ambos suspeitos deles mesmos

 

Preta_

olhos de sombra terrosa[1]

Lady Preta_

mulher de toda-vida

esteve na minha num instante-esperana fila do banheiro

numa noite-espera de um instante-sexta-feira

 

enquanto a fila não diminuía,

ela observava o cliente que [a]_guardava com suas bolsas

após sairmos do banheiro, puxou-me pelo braço em direção

a uma tampa acoplada no chão da feira e segredou […]

 

o devir puta de uma lady –

 

 

 

vais entrar?

[- pergunto, enquanto ela, à minha frente na fila, se

dispersa falando com um homem afastado de nós]

 

: não, gata, relaxa,

eu tenho que ficar de olho

no bofe porque ele com as minhas bolsa

[a fila dentro do banheiro diminuía lentamente.

eu tentava entrar. ela logo atrás de mim.

e eu, sempre puxando assunto:]

 

caramba, tem muita gente!

 

: pelo menos eu fico aqui

na porta e vejo onde ele !

[– ela continua a conversa]

 

[saio do banheiro e a espero:]

ele ali, mana. não perdeste o bofe e nem as bolsas!

 

: aah, mana, não me preocupo com ele,

nem conheço, é só pra garantir a noite…

deixa ele lá – TÔ TE VENDO DAQUI! –vem cá comigo…

 

[enquanto subíamos os degraus da FEIRA LIVRE, arrisquei:]

qual o teu nome, gata?

 

: haha, pra quê que eu vou dizer…?! me chamam de Lady Preta.

 

[__puxou-me pelo braço em direção

a uma tampa acoplada no chão da feira, e ali me disse…]

 

do devir puta de uma lady –

 

 

 

 

fui tomada como a um cliente [!]

num estar-comigo

expor confidências

e depois de tudo pede que eu esqueça

 

[_______.]

 

quem era aquela que se mulherizava à minha frente?

tantos devires de alguém

ora prostituta : ora tia : ora mulher carente –

de quem era aquele desejo?

quantos desejos escondia?

 

devir com vontade de potência

conversa de bueiro-morada-de-ratos

clientes deslizam sorrateiros

ela desliza

a noite o dinheiro o cansaço o sonho

e…e…e…

 

Preta_

agencia o movimento da vida

[des]arranjo e rearranjo de planos

 

Lady Preta_

emaranhado noturno

no labirinto de tantas mulheres

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

então mais um dia amanhece

e o futuro acaba

[:] é preciso saber do hoje

o que sou capaz

__afectos infectos de quem não conheço

infiltram meu corpo de puta mulher puta

invadem o outro

escorrem e alagam a superfície mesma

deste |sujeito| poético

 

contaminação de ser

do ser com potência de contágio

 

que quebra as linhas em fuga

que cola na carne

líquido intravenoso

coito gozo clímax

rasga em fetiche

abrindo fissura

deixando deserto

e cheio de ar

para recompor

respirar

abandonar

 

deixando-me aqui

contaminada

sem saber terminar

este encontro –

 

porque foi embora Lady Preta, levando seus desejos e suas bolsas.

 

porque ninguém sabe do que um |devir| sujeito é capaz–

 

 

 

[1]poema o que pouco existiu, de MAXMARTINS, no livro não para consolar, 1992, p. 66.

Posted in General | Comments Off on Lady Preta

#2 Zine das Vacas

zine vacas capa

Todos os dias nos dizem que nossa luta há muito não faz sentido, que o mundo é outro e o machismo foi superado. As herdeiras das bruxas que não foram queimadas por suas fogueiras, dizem loucas, histéricas, anacrônicas, radicais. Na manhã do dia 6 de fevereiro sentimos que as raízes do patriarcado que ateavam fogo sobre nossas ancestrais ainda são tão vivas quanto profundas.
A sororidade, base da qual o feminismo se ergue e que motiva questionamentos diários sobre os sentidos e as conseqüências desse temo, usado para designar os laços de irmandade política, ideológica, sanguínea, emocional entre mulheres, não foi discutido, mas sentido. Nesta manhã não nos questionamos, não discutimos, não teorizamos sobre as bases de nossos feminismos mas sentimos esses laços se apertarem de dor por Ana Clara. Ana é nossa irmã assim como todas as Mulheres nesta irmandade de resistências e tornou-se, infelizmente, estatística na frieza das linhas de uma tela.
Por e para todas Anas Claras, esse zine esbraveja a dor procurando o afago e o empoderamento na resistência cotidiana. Os dias tristes no pasto nos possibilitaram pensar nesse contínuo feminicidio, feito muitas vezes pelo estado; nos modelos de relações abusivas machistas hierárquicas-heteronormativas que aprisionam e silenciam; Mas principalmente na necessidade de continuarmos e ampliarmos cada vez nossas conversas, trocas e vivências.
Por aqui queremos Força pra continuar e a conseguimos em forma de poesias, deusas, pinturas e todas as receitas mágicas que sempre saem do caldeirão de uma boa roda de risadas!

VEJA O ZINE COMPLETO AQUI!

Posted in VacaZine | Comments Off on #2 Zine das Vacas

Oficina de auto defesa para as Mina e lançamento do 2ª zine das Vacas na TF.

IMG_7308

Continuar reagindo nos protegendo, lutando, rindo, brincando, cantando e dançaaaaaaaaaando contra o patriarcado e essa cultura feita pelo e para o Macho é o que fazemos diariamente, mas entendendo que esse mês coloca a figura da Mulher em discussão( das várias formas possíveis), decidimos construir uma programação que abra espaços para ação e reação, trocas e pirações… Sobre o que entendemos, o que queremos e como queremos.
Para o dia 8 de março, vamos construir um espaço para falar sobre defesa pessoal e sobre segurança autônoma das MINA.
Neste dia vamos também lançar o o novo Zine das Vacas em homenagem as várias Anas Claras, mulheres que perderam a vida pela violência Machista e absurda.
Decidimos colar com as Mina que vão fazer a Marcha lá na Terra Firme:
8 de março na periferia-
O evento está aqui: https://www.facebook.com/events/730895147007959/.
Depois que acabar a marcha vamos começar o aulão de defesa pessoal na praça Olavo Bilac( do lado da feira, na TF).
As mina que já colaram nos cortejos( ou as que nunca colaram e quiserem colar) pra tocar, vamo tentar reunir os instrumentos pra fazer uma bafafa improvisado lá na hora! Que tal? Vamos todxs!?

Trecho do texto da Luana Weyl sobre a aula de defesa pessoal que vai sair na integra no blog.

“É verdade que eu gostaria de morar num lugar onde não tivesse medo de andar nas ruas. É verdade que nós podemos (e muitxs estamos) nos organizando para mudar o mundo, mas, como até agora não conseguimos
( =/) andar na rua continua sendo um momento de muita tensão. Desde criança eu ouço histórias sobre como a rua é um lugar perigoso (lembra do homem do saco?), cresci ouvindo histórias de amigxs próximxs… Algunxs foram sequestradxs, outrxs estupradxs e assaltada eu mesma já fui, diversas vezes, uma vez à mão armada. Então como (quase) todo mundo eu também tenho muito medo de andar na rua. Porém nunca deixei de andar. Inclusive ando bastante sozinha. Faço isso porque decidi que o medo não pode guiar minhas ações, decidi isso porque se fosse deixar de fazer as coisas por medo, acabaria não fazendo nada. Para nós “mulheres” dizem que não devemos andar sozinhas… Parece que querem nos obrigar a tá sempre acompanhada de um macho!
Praticar auto-defesa não é um ato de violência, não é pessimismo, não é nóia, é apenas cuidar de si. Não somos o sexo frágil. Se somos consideradas um alvo fácil, podemos usar isso a nosso favor, o “fator surpresa”, já que não espera-se que reajamos. Claro que se houver arma envolvida no embate, provavelmente eu vou dar tudo que tiver, celular, dinheiro, na boa, dou até o cú porque não quero perder a vida. Quanto a dignidade, eu acho que estuprar é algo muito escroto e vergonhoso. Ser estuprada é uma experiência horrível, mas não devia ser motivo de vergonha alguma. Vergonha é estuprar. Vergonha é a covardia. E covardia é quando alguém se aproveita de suas vantagens (seja a força física ou o fato de estar armado). Ou seja covardia é o machismo! Se defender é amor próprio, é cuidado, é ação direta, é liberdade, é feminismo.
———
A concentração da marcha é as 8h na TF.

Proposta das VaCas( que pode ser modificada a partir das situações na hora)
8h- uma mistica das vacxs- Ainda a definir- mística coletiva
Marcha pela TF
Possivelmente de 11h até umas 13h( hora antes da chuva)
Lançamento do zine
aula de defesa pessoal

Posted in General | Comments Off on Oficina de auto defesa para as Mina e lançamento do 2ª zine das Vacas na TF.

I Edição do Zine das Vacas Profanas

Aê galera, saindo do forno a primeira edição do Zine das Vacas Profanas!

Aqui!

 

 

Posted in General, VacaZine | Comments Off on I Edição do Zine das Vacas Profanas

Relato 08/04/14

Vamo lá, eu fiquei de fazer o texto pra dizer como foi o ensaio. Não anotei nada então quem quiser complementar, meta ficha! 
Enton, às 19h e pouquinho nos direcionamos da casa da Luah para a praça e logo no caminho já fomos encontrando Luciana e Lorena pra fazer o ajuntamento. Atrás do teatro conhecemos novas meninas que eu esqueci o nome, mas todas ótimas. Quem já foi num encontro sabe que a gente fala pra cacete então conversamos que só antes de iniciar o ensaio, inclusive falamos de levar a vaca pra outros lugares, como icoaraci por exemplo (bianca mora lá e é prima do luizinho do coisa de negro, e tem aquela Mujer que já faz uma vaca numa perifa de icoaraci que Nara falou) e outros picos que exigiriam maior dedicação e envolvimento com o espaço & comunidade mas chegamos à conclusão de que, enfim né a gente nem sabia pegar direito nos instrumentos e que é maravilhoso sonhar (ê sahuashush) mas curtir o passo-a-passo é o melhor papo, nos conhecermos cada vez mais, nos afinarmos e metermos ficha na sonzera. Ah foi proposto também a criação de uma FanPage no facebook onde além de compartilhar lá os links que colocamos aqui, seria uma boa plataforma para falar sobre a vaca e formar rede com outros acontecimentos brasil afora (foi falado de uma galera que faz uma feira de fanzine parece em recife por exemplo e que a mina só conhecia por causa da fan page e enfim, tods nós aqui sabemos de muita coisa massa mundo afora por fan page, eu curti). E aí pra não fechar, botava as menina todas que tivessem afim de ficar como administradoras da pagina. Aliás, fiquei pensando aqui agora que é muito legal esse negócio de antes de cada encontro quando tem gente nova de alguém que já tá indo pros encontros falar o que é a vaca, além de dar vazão pra novas ideias acho que é um bom exercício pra nós mesmas começarmos a percebê-la como sai da nossa boca. Enfim, começamos a batucar!!!
Nossa Maestra Rainha da Bateria Dandara passou os ritmos nos instrumentos que tínhamos, foi muito legal, todo mundo experimentou o que queria experimentar e já começamos a pegar bacana. Os ritmos que aprendemos foram o Boi, Carimbó e Quadrilha. Experimentando os instrumentos e depois tocando todas juntas pra botar em prática o aprendido. Experimentamos colocar o refrão da música Vaca Profana em quadrilha, foi o que achamos na hora que ficava melhor, mas enfim. Brincamos muito, arriscamos numa batida de Funk e de samba de coco também hehehe, pensamos que a gente pode meter ficha em outros ritmos. O ensaio foi realmente muito bonito, muito mesmo. Fiquei muito feliz de ver todas nós lá juntas nos propondo a fazer a parada e de repente eu e dandara falando de talvez tentar tocar um coco, ela soltou um Lundu, aquele ritmo lindo forte e sensual, então pensamos que poderiamos abrir o cordão com um Lundu, pra depois cair na quebradeira. Fomos tocando o Lundu enquanto Inaê narrava a história de Mururé, o menino que queria ser menina. (a lenda da flor de mururé) e aí que num momento eu não sei o q rolou mas soltei a letra que Bianca postou lá em cima (acho que isso é coisa entidade na moral, as meninas tem uma força muito maravilhosa mesmo, porque eu sou pessima nesse negocio de letras e textos). E aí fechou abrir o cordão com esse Lundu:

Mururé era um menino (2x)
Que queria ser menina (4x)
Um dia ele saiu de dama-dama-flor (2x)
Dama-dama-flor (4x)
O que ele não esperava, aconteceu (2x)
A “macharada” lhe deu porrada (2x)
Os homens “tudo junto” jogaram ele no rio (2x)
Uma flor nasceu, nasceu uma flor (2x)
A flor de mururé é homem e mulher (2x)
Homem e mulher: a flor de mururé (2x)

Muito felizes com o ensaio, partimos pros encaminhamentos ~~ galera que propôs a fan page deve fazer a fan page heheh (mas se alguém aqui ficou afim de fazer também acho que pode meter ficha), pensamos na importância de manter o ensaio em dias fixos (até pra colocar no fanzine por exemplo), mas só tem mulher com fuzo horário doido nesse cordão (eee sacanagem shuashusah) e aí lá no ensaio não conseguimos definir os dias fixos (exceto o próximo ensaio que será nessa Sexta-feira às 17horas, mesmo bat-local) então tivemos a ideia de criar uma enquete no grupo  hehehe e aí os dois mais votados, seriam os dias fixos e o horario a gente decide depois hehe mas pensamos também em pedir pro povo que vota, que vote QUEM FOR aos ensaios porque fica complicado a galera que fica na internet decidir por quem tiver realmente afim de tocar no nosso corpo de percussão (hmmm táaaa sahuashuash). Deixa eu ver o que mais… ah! Botar o fanzine no issuu também é uma ideia pra poder espalhar nas internet da vida.
Sobre TOCAR: conversamos sobre como vai ficar os ensaios tarará, e dandara falou uma coisa que eu acho ótima, que é fazer com que a parada se construa forte também na autonomia, ou seja, vamos TODAS pesquisar sobre os ritmos, procurar tutoriais sobre como tocar, etc e assim já ir definindo o instrumento de preferência, com o compromisso de dividir tudo que foi pesquisado aqui com xs hermanxs. Então bora meter ficha e ser auto-didata também, assim a gente aprende um pouco e podemos compartilhar entre nós.
Os Instrumentos: temos poucos instrumentos, ontem 1 ou 2 meninas ora ou outra ficava sem instrumento, não temos nenhuma onça ainda, Temos uma alfaia que é da Inae e da Dandara e que tera que voltar sempre pra casa delas, onça estamos sem nenhuma. Mas ainda assim como o numero de garotas que vão tocar ainda está meio indefinido não temos ainda como organizar isso. Com a contagem anterior fica aquela que Luah botou no outro relato, temos os bambus mas ainda não foram preparados pra serem recos, pra fazer precisamos de uma ferramenta aí que esqueci o nome. Dandara falou de falar com o Johnson pra ver qualé, porque ele mexe com bambu. No mais acho que agora vai bem de pesquisarmos e sentirmos que instrumento será que queremos e aí vamos tentar a busca, ou compra, ou posta aqui que a gente tenta correr atras tds junts. Ah, acho que na próxima e desde já podemos pensar no ritmo que a letra da Inaê Nascimento ficaria e queriamos saber também se a letra da Maria Carolina tem ritmo ou se ainda falta criar.
Acho que é isso, ah meninas! Luiza já tirou o Lundu na Escaleta!

Relato de Duda Touro

Posted in General, Relatos | Comments Off on Relato 08/04/14

Relato 01/04/14

Icamiabas, segue um relato do encontro de hoje (terça, 01 de abril):

Marcamos o encontro para a construção dos instrumentos faltantes (milheiros, recos e matracas) e para construirmos o zine. Foi um dia de chuva, favorável à desencontros e atrasos. Não montamos os instrumentos por falta de latas e ferramentas, mas temos dois bons pedaços de bambu que dá, acreditamos, pra construir 4 ou 6 recos, 1 dos pedaços ficou aqui em casa (eu e Dandara tentaremos cortá-los) e o outro ficou com L Ucronía L Ucronía. Focamos, então, na construção do zine. E com o zine vieram alguns (auto)questionamentos, inclusive sobre a repercussão errônea que a “Vaca Flor de mururé” teve ou pode ter. Algumas discussões foram:

-Por que Vaca? vaca-xingamento, vaca-deusa, vaca-exploração… Trazer pro texto de apresentação as várias simbologias e associações da Vaca.

-O que é a Vaca Profana? Espaço/Grupo para resgatar o compartilhamento das “histórias/conhecimentos clandestinos”, para (re)construirmo-nos juntas, estudar, conversar, brincar, trocar, para nos fortalecermos diante das tantas violências. “Tamo junto no pasto!”

-Flor de mururé não é contra a cultura do Boi-Bumbá, Flor de mururé como diálogo poético sobre feminismo, as violências que nos cercam, o reconhecimento do nosso corpo. “Não é contra o Boi, mas pela libertação da Vaca”

-Não usar “Vaca-Bumbá”, pois não temos domínio desse termo e nem temos a intenção de sermos o Boi as avessas. Decidimos usar “Cordão da Flor de Mururé” para se referir ao cortejo, como uma brincadeira “poelítica” junina das Vacas Profanas. Dessa forma não soa contrário ao boi e nos dá liberdade pra usar o cortejo em outros momentos. Não questionamos a cultura do Boi-Bumbá, mas desconstruímos essa brincadeira pra pormos a Vaca pra brincar.

-Como divulgar/comunicar? stencil? zine? rodas de conversa? de irmã pra irmã? encontros pra construir o cortejo? internet? vídeos? tudo ao mesmo tempo, uma coisa não anula a outra, soma.

-Necessidade de fazer uma apresentação da “Vaca Profana” e do “Cordão Flor de Mururé”: Zine “As Vacas Profanas” trazendo uma apresentação mais direta do que pretende esse espaço/grupo/cortejo, e um textão para se usar na apresentação do grupo no facebook.

-Fizemos a estrutura do Zine (com vaquinhas de todos os tipos), Lanna Lima ficou de escanea-la e enviar para Michelle Cunha que se propôs à editá-lo. Ficamos de mandar os textos do zine até quinta pra Michele ter tempo de editá-lo, pra que esteja pronto para distribuirmos na feira Libertária sábado.

-Combinamos do próximo encontro ser na terça (08/04) na praça da república, já com os instrumentos disponíveis

Conversamos sobre muitas outras coisas, mas acho que das questões mais práticas é isso. Se eu estiver esquecido ou trocado alguma informação, acrescentem e corrijam aí! 

 

Relato de Inaê Nascimento

Posted in General, Relatos | Comments Off on Relato 01/04/14

Reunião 29/03/14

II encontro

Aê meninas. Massa. Como falamos na reunião passada a idéia de começar os ensaios, era justamente a de construirmos essa ligação de pensamento, conexão, solidariedade entre Vacas– profanas ainda mais, por serem cotidianamente descartadas, arremessadas e achatadas. Profanas não pela falta de ligações holistica,pelo contrário, pela ligação a terra, a natureza a novos desenvolvimentos possíveis e circularidades Lunáticas.– Grupo da Mana Sil Lane que nos contou várias de suas peripécias nessa tarde no centur. ALém dela Lanna, uma moça que passou rapidamente falando sobre seu estudo da tradição do Boi bumbá e dizendo que se interessou muito.

Ficamos conversando até tarde, tipo umas 20:30, em um certo momento a conversa já era super pessoal, começamos a nos abrir–começando por essa vontade da maioria de fazer o bloco construído por mulheres, a bateria, as alegorias e que tivessemos nossas influências dentro da Vaca, que além de ser uma Vaca bumbá nesse momento, é uma brincadeira poélitca de resistência e contato, onde o bloco é o processo e tocar, performar vai acontecer junto quando encontrarmos sintonia.
Falamos sobre vários possiveis temas do enredo da Vaca, As icamiabas, apresentar mulheres guerreiras, curandeiras, feiticeiras, mulher que estão na gente, negras, tradicionas, amarelas, Matintas… E ficamos quebrando a cabeça para entender como conseguiriamo colocar tudo isso dentro do bloco– pensamos que poderia ser de váŕias maneiras, linguagens e sentires, mas, como já disse, entendemos que isso vai se construir a partir dos ensaios, porém temos uma certeza, Não teremos um batalhão de tocadores e a Vaca n pode se aliar a essas construções militares simbólicas- Voltando a fala da Nara inicial- Recriar tudo.

Indo mais pros finalmente, pq essa semana tá fogo. Pensamos que objetivamente precisamos começar a tocar.-ponto de exclamação- e isso é pra logo, portanto listamos os instrumentos que vamos tocar para fazer o som da Vaca, carimbó e o que mais vier nos ensaios- são eles- ALfaia-Temos 1// marabaixo-3// barricas-5//onça-n temos nenhuma-// milheiros- vamos fazer amanha//reco-fazer amanha-//matraca-tamancos
Lista do material

para 3 Milheiros
-6 latas de leite ou nescau
-arroz

para 5 recos
-5 pedaços de bambu
-goivas

para 3 matracas
pares de tamancos ou tacos

Dandara Nobre nossa batuqueira maravilha ficou de nos ensinar as parada inicial- dudah souza que é percusionista tá mt cheia, mas vamo conversar se ela n pode ir pelo menos um dia. Nara citou o grupo as Marias- uma menina chamada ANa terra. Podemos contacta-las amanhã.

Falamos de ter alguns personagenms tb no cortejo- a catirina que comeu a lingua do boi reprodutor- que seria a nara. UMa capitoa cuja palavra n vinha de capitã mas, sim de a que consegue mudar-capituladora-ou algo assim.

Nara ainda falou sobre sim, usarmos a letra das vacas profanas dividas em parte num formato de batuque. Falamos mt tb da tua letra Maria Carolina e que precisas ir em outro ensaio para nos mostrar o ritmo.

Ficamos de fazer esse encontro de construção dos instrumentos, mas, já pensando que ainda essa semana precisariamos nos encontrar para começar os ensaios, que poderiam acontecer na pça da republica ou no complexo lá do palacete bolonha- Ficamos de decidir isso e apresenta outras sugestões de ensaio- perto de algum canto que dê para guardarmos os instrumentos e que tenha algum lugar para proteção da chuva.

Relato de Luah Sampaio

Posted in Relatos | Comments Off on Reunião 29/03/14