Reunião 23/03/14

Aê. Foi isso, muito massa, muita energia, muita coisa gostosa de ouvir, ver e sentir. Nara é uma mulher forte que tem muito o que dizer e espero que continue dizendo e instigando.. Conversamos sobre tradição, sobre como nos foram retiradas nossas histórias originárias, histórias da mulher selvagem. O calendário que hoje estabelecemos é construído numa lógica imposta, por essa cultura patriarcal, o mês de 28 dias, um ciclo- A menstruação. Nosso sangue, nosso corpo vira nojo e não força e recriação. Portanto não queremos ‘dar porrada nos menino’, mas, queremos nos construir, fortificar, nos sentir afora de toda essa competição e vaidade, e nos perguntar afinal: “Se homem é amo de Boi porque a mulher n pode ser de Vaca’- Por isso a manifestar-se por Possibilidades, pelo respeito a elas, pelo direito de sairmos num cortejo de uma Vaca, uma brincadeira, que se propõe A RECRIAR TUDO.

I reunião (3)

Portanto já começamos a nos preparar para esse cortejo, que decidimos até agora se chamar: ” Vaca Profana- Flor de Mururé”- Nara pode falar bem melhor para todxs os diversos significados tradicionais para tudo isso.
Uma senhora, dona Luzia, em Icoaraci, já faz o cortejo com a vaca, a onça e o boi e ela é umas das inspirações que gostariamos de estar perto, Nara falou sobre fazer esse intermédio e irmos lá para fortalecer esse cortejo que já existe tb.

Vou listar algumas coisas organizacionais que conversamos.

– Pensamos do cortejo acontecer dia 5 de JUnho. Para isso começariamos ensaios e construção de enredo logo logo- Algumas idéias sobre isso foi, falar das icamiabas; citar a Tuíra e nos posicionar contra as UHES na Amazônia; Fazer bonecas grande- como bonecões de olinda- representando mulheres fortes- diversas guerreiras;
-Sobre os tambores: Nara, falou com algumas meninas do arraial do Pavulagem pra começarmos os ensaios. Nega Suh do coletivo Casa preta- que já desenvolveu oficinas de tambor para meninas- que estava presente na reunião, convidou a todxs para ir aos ensaios do bloco afro da T.F, perto do coletivo Casa preta. Quarta e sexta a partir das 18:30, para somarmos na tentativa de conseguirmos participar das oficinas ou entrar em contato com quem pode ministra-las em nossos ensaios. Me prôpus a ir lá e quem mais quiser ia ser massa. Falamos sobre o grupo que toca ser composto só de meninas tb.
– Foi formado um grupo de organização da chamada e de um inicio de construção de zine, para informação e divulgação: Esse grupo é formado por: Lanna Lima L Ucronía L Ucronía Duda e Maria Carolina. Grupo mutável e circular.
-LUGAR DE ENSAIOS: Foi proposto o Centur e eu fiquei de ir lá ver se precisamos de alguma oficio para utilizar o espaço nos dias de sabado. Ainda não fui, amanhã de manhã tenho essa resposta. Mas, já de antemão, marcamos o próximo encontro organizativo da vaca pro sabádo dia 29- A partir das 16h no Hall do Centur. Quem tiver outras sugestões de lugar, manifeste-se.
– Michelle Cunha Deu uma idéia massa de gravarmos tudo para depois ao findar do cortejo editarmos um min doc do que foi tudo isso e conseguirmos enviar para varixs que se interessem. Mi falou tb sobre sua casa em mosqueiro, onde mora e trampa ser um possivel lugar para uma vivência em conjunto das mina na Praia, fazendo ritual e trocando energia. é claro piramos na idéia.

Temos que construir muito, mas, senti uma energia voraz. Ouvi o termo usado pelo Dandara Nobre icamiabar ainda pouco por essas veias internetescas, e pirei. é isso. icamiabar. Beijxs muitos. Vamo nessa no sabadão.

I reunião (1)

Relato de Luah Sampaio

Fotos de Michelle Cunha

 

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Marcha Meu útero é laico

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Segundo dados de 2005 da Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade de gravidez não desejada no mundo gira em torno de 87 milhões. Destes, entre 46 milhões e 55 milhões resultam em aborto. Com base nestes dados, pode-se constatar que a cada 24 segundos ocorre um aborto no mundo, sendo que grande parte das interrupções (18 milhões) são clandestinas, resultando muitas vezes na morte de milhares de mulheres. Mulheres muitas vezes pobres, sem condições de pagar clínicas especializadas e que são dizimadas em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

 Em 2012, diante dos números alarmantes, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou os dados aproximados de mulheres mortas devido à abortos malsucedidos no Brasil e cobrou respostas do governo, já que os números apontam um verdadeiro feminicídio, mostrando que cerca de 200 mil mulheres morrem por ano no país.

A resposta do Estado brasileiro a esse questionamento – não somente a ONU, mas a movimentos feministas que há anos lutam pela legalização do aborto e assistência a suas vítimas – foi o recente reavivamento do Estatuto do Nascituro. Este projeto de lei propõe a total submissão do corpo da mulher a um estado pratriarcal, prevê inclusive o retrocesso da legislação que garante assistência a vitimas de estupro. Em apoio houve o surgimento de movimentos pro-vida, organizações da sociedade civil contra o aborto, em favor não da vida, mas da hipocrisia e manutenção de convenções sociais machistas, moralistas e ditatoriais.

Estes movimentos organizaram diversas manifestações por todo o país, em Belém não seria diferente. Acontece no dia 15/09, às 8h, com concentração no CAN, a I Marcha Paraense em Cidadania pela Vida – Por um Brasil sem aborto. Acreditamos que movimentos como este deslegitimam formas diversas de viver, sentir e experimentar, não só o corpo, como a vida. Encobrem uma normatização geradora de violências subjetivas e físicas que matam milhões de pessoas, ideias e prazeres cotidianamente. Belém atesta seu conservadorismo. Famílias do bem vão às ruas condenar o aborto em favor da vida. Da vida de quem? Que famílias são essas que se acham no direito de escolher quem vive e quem morre?

 

Em resposta aos inúmeros atentados aos nossos corpos e quereres continuaremos resistindo e lutando por nossa liberdade de decidir e de ser.

As vacas na sociedade de consumo são trancafiadas em celeiros minúsculos, obrigadas a reproduzir e dar leite à máquinas sugadoras e violentas. Quando vivas tem como última finalidade e funcionalidade a procriação e a alimentação. São vítimas de um especismo, no qual o homem, em sua superioridade, dominam seus corpos em vida e em morte. Homens sedentos por sangue e por quantidades elevadas de um produto. Não queremos ser essas vacas. Somos as vacas que burlam esse sistema. Somos vacas profanas. Por isso no dia 15 de setembro, às 8h, estaremos no CAN defendendo que:

Nossos úteros são laicos e decidimos antes de qualquer um o que iremos fazer de nossas vidas

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